Guilherme Sant’Anna, professor aqui do Célia Helena, está no elenco do vencedor de melhor espetáculo do Premio APCA deste ano: “O Homem De La Mancha” com direção de Miguel Falabela.
Uma encenação original e surpreendente, 42 anos após a primeira temporada brasileira de O Homem de La Mancha, dirigida por Flávio Rangel, em 1972. Miguel Falabella inspira-se em Bispo do Rosário para caracterizar o Governador (no texto original um preso da Inquisição que comanda os outros presos), interpretado por Guilherme Santana (ganhador do prêmio Shell de Melhor Ator em 2012), ambientando a trama de seu O Homem de La Mancha em um manicômio brasileiro do final dos anos 30.
Bispo do Rosário foi um marinheiro sergipano internado na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, em 1938, onde permaneceu por 50 anos, até sua morte, em 1988. Poucos anos antes, algumas pessoas tiveram acesso à sua arte. Autodidata, jamais se considerou um artista plástico. A primeira exposição de sua obra foi organizada por Lígia Clark, em 1989. Bispo tinha uma missão: apresentar a Deus o mundo e suas coisas, no dia do Juízo Final. Produziu bordados de imagens e de escritos, mumificou objetos com linhas azuis descoloridas, construiu inúmeros painéis de seriação de objetos do cotidiano, em composições abstratas.
Sua obra encontra-se intacta, sob a curadoria do Museu de Arte Contemporânea Arthur Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira. Dezenas de exposições no Brasil e no mundo já exibiram sua extensa produção, destacando-se o Gugenhein Museum, de Nova Iorque, oVictoria and Albert Museum, em Londres, a Bienalle di Venezia, na Itália e a Bienal de São Paulo. Seu trabalho, frequentemente comparado a Marcel Duchamp e Andy Warhol, é considerado um dos pilares da arte contemporânea brasileira, e seus traços podem ser observados na produção de diversos artistas plásticos da atualidade.
Bispo do Rosário conquistou tratamento diferenciado daquele dos pacientes da Colônia. Organizava a vida cotidiana dos outros pacientes, intercedia junto ao corpo administrativo e clínico, e mantinha contatos frequentes com visitantes. Isto lhe permitia manter um intenso escambo de objetos que eram utilizados em suas produções artísticas.
O HOMEM DE LA MANCHA
TEATRO DO SESI-SP
Av. Paulista, 1313 – Bela Vista
11 3146-7405/7406.
Entrada gratuita.
Ingressos gratuitos
reservados online pelo site www.sesisp.org.br/meu-sesi
Temporada: até 21 de Dezembro
Quarta a sexta às 21h | Sábado às 17h e 21h | Domingo às 19h.
Sessões para escolas: quinta às 15h.
Recomendação: 10 anos
Duração: 105 minutos
Estreou dia 13 de setembro de 2014
Espie algumas reportagens sobre o espetáculo:
Estúdio I (GloboNews)
Progama do Jô (Globo)
SPTV (Globo)
Estadão
Folha (reportagem)
Folha (crítica)
Revista Época
SINOPSE
Um manicômio brasileiro no final dos anos 30. Um paciente é anunciado para internação. Apresenta-se como Miguel de Cervantes, poeta, ator de teatro e coletor de impostos. Chega na companhia de seu criado, Sancho.
Ele é abordado pelo Governador, louco que comanda os internos do hospital. O grupo ataca seus pertences e lhe subtraem suas poucas posses. Cervantes se preocupa apenas com um manuscrito, que é arremessado entre eles. Para dar a Cervantes a oportunidade de reaver seu manuscrito, o Governador instala um julgamento.
O Duque faz a acusação. Cervantes organiza sua defesa convidando os loucos a encenarem com ele uma peça de teatro.
É a história de D. Alonso Quijana, um velho fazendeiro aposentado, ávido leitor, desgostoso com os maus-tratos dos homens para com seus semelhantes. Melancólico com as injustiças do mundo e tomado pela loucura, imagina ser D. Quixote Senhor de La Mancha, um Cavaleiro Errante, atrás de aventuras que lhe permitam combater o mal, assistir os indefesos e praticar o bem.