Especializações em Atuação, Direção e Dramaturgia têm inscrições abertas até a primeira semana de abril
Em setembro de 2014, o mundo acompanhou o desaparecimento de 43 jovens na cidade mexicana de Iguala. O grupo viajava à região para fazer um protesto político. O objetivo não foi cumprido: os manifestantes foram sequestrados e mortos por narcotraficantes. Em 2015, os pais desses jovens rodaram a América Latina para divulgar o crime, e, quando no Rio de Janeiro, passaram pelo conflituoso Complexo do Alemão.
A arte previu a vida. Aluna do programa de pós-graduação em Dramaturgia do Célia Helena, a jornalista Sílvia Garcia já trabalhava em um texto sobre pessoas que perderam filhos de forma violenta. Em sua pesquisa, chegou ao grupo de Iguala e, no enredo, provocou justamente o encontro dos pais mexicanos com a comunidade carioca.
Sílvia participou de ato, em São Paulo, pelos 43 jovens desaparecidos em Iguala – FOTO: ACERVO PESSOAL |
“A história se materializou”, diz a dramaturga. “Aquilo era o texto que eu tinha escrito, foi algo muito marcante porque, de algum modo, eu estava conectada com algo muito importante e que precisava ser dito.”
A pesquisa de Sílvia deu origem a “Senhora dos Extremos”, seu primeiro texto para teatro e que ganhou duas leituras dramáticas. No percurso, a então pós-graduanda teve a oportunidade de fazer trocas valiosas com a turma e com os professores. “Nosso grupo era pequeno, o que fazia com que todos ficássemos bem próximos durante a aula. Os alunos tinham muita vontade de compartilhar experiências e contribuir afetivamente uns com os outros.”
Já experiente em textos jornalísticos, Sílvia Garcia interessou-se pela dramaturgia – FOTO: ACERVO PESSOAL |
Além da construção pessoal, a formação de Sílvia no Célia Helena rendeu avanços profissionais. Animada após o contato intenso com a arte da dramaturgia, ela agora analisa uma obra específica do escritor português Valter Hugo Mãe em um programa de mestrado.
O ex-aluno Bruno Perillo também passou por transformações ao cursar a pós em Atuação e Direção. Ele, que já tinha um trabalho reconhecido como ator, passou para o outro lado do balcão: concentrou-se nos estudos de encenação.
“Procurei o Célia justamente por isso: sempre tive vontade de desenvolver um trabalho artístico como encenador, pensando a peça como um todo, considerando o elenco e seus personagens”, explica. “E o time de professores é excelente! Todos os grandes nomes do teatro brasileiro estão lá ou passaram por lá.”
Bruno Perillo em ação na novela “Viver a Vida”: reconhecido como ator, passou a estudar direção – FOTO: DIVULGAÇÃO |
Segundo Perillo, o grande trunfo do programa foi o repertório teórico. Ele lembra que, durante o curso, conseguiu se aprofundar em diversos temas. “Temos aula de direção de elenco, cenografia, iluminação, sonorização, teoria do teatro, história”, lembra. “São elementos que nem sempre aprendemos só com a prática. Quando estudamos pra valer, alcançamos outra dimensão da profissão.”
Após a conclusão do curso, Perillo dirigiu diversas peças. Os espetáculos “Ato a Quatro” e “A Vida em Vermelho” — este com Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto no elenco — são exemplos. “Todo o material que estudamos e aprendemos na pós serviram muito para esses trabalhos, deram outro alcance de comunicação entre diretor, equipe e elenco”, frisa.