Presente em produções da Globo, professor do Célia bate papo com alunos na semana de recepção
As aulas acabaram de começar no Célia Helena, e os alunos já têm uma agitada programação pré-carnaval. As atividades da semana de recepção começaram na segunda-feira (6/2) e seguem até a sexta-feira (9/2) com seminários, palestras, saraus e uma boa festa para a integração de calouros e veteranos.
Professor de interpretação dramática no curso profissionalizante do Célia, o ator Ademir Emboava conversa com os alunos na manhã da terça (7/2). Antes disso, bateu um papo com o Blog do Célia Helena sobre, é claro, a arte de interpretar e os caminhos do ator em tempos de mudanças tecnológicas.
Emboava (à esq.) em cena da peça “Pai, Filho, Pai” ao lado de Bernardo Bibancos, aluno do Célia – FOTO: DIVULGAÇÃO |
Emboava já era conhecido por ter atuado em grandes companhias teatrais, como o Teatro Oficina, mas teve uma ampla divulgação de seu trabalho ao participar da série Supermax, que foi ao ar na Rede Globo em 2016. A produção tinha um diferencial: foi exibida no serviço de vídeos da emissora na web antes mesmo da veiculação na TV.
“A plataforma de exibição muda os objetivos das produções e, consequentemente, afeta a interpretação”, analisa o ator. “Existem técnicas próprias para cada tipo de atuação que fazemos, seja na web, na TV, em novela, em minissérie, no teatro.” Para atuar em Supermax, Emboava conta que teve intenso treinamento com o diretor argentino Eduardo Milewics, que orientou o elenco na transição entre os gêneros mais presentes na série — drama, suspense e terror.
No workshop, uma provocação o fez refletir intensamente sobre seu trabalho em cena: “É possível atuar com menos detalhes para que o espectador possa, por si só, complementar a sua criação?”. Em analogia, seria como se o espectador estivesse lendo um livro e, a partir das palavras, criasse suas próprias imagens em uma relação mais interativa com a arte.
O ator interpretou José Augusto em “Supermax” – FOTO: RENATO ROCHA MIRANDA/GLOBO |
Para ele, a participação na série trouxe uma certeza: a dinâmica da web está transformando o audiovisual. “Uma novela, por exemplo, é mais lenta na duração e até na dramaturgia. A websérie tem acontecimentos rápidos, é um ritmo muito ágil”, diz, frisando que este modelo de trabalho deve impactar as produções. “O público também acaba acessando esses conteúdos online de forma rápida, o que certamente será considerado nas transformações.”
A base da formação do profissional, no entanto, não deve mudar tanto. Para o professor, o teatro continua sendo a ferramenta mais importante para que o ator tenha a segurança de fazer um bom trabalho em qualquer plataforma. “Quem passa pelo teatro, pela construção artesanal de uma montagem, de um personagem, sem dúvidas está mais apto a se encaixar em outras linguagens”, afirma.
Emboava em cena da novela “O Outro Lado do Paraíso”, com Glória Pires – FOTO: DIVULGAÇÃO |
A passagem por outras áreas do teatro, além da atuação, também ajudam na formação de um bom intérprete. Emboava teve a experiência de ser aluno de graduação e de pós-graduação no Célia Helena. No último curso, seguiu pela dramaturgia. “Quando busquei estudar texto, estava me formando como ator”, conta. “Conversar com dramaturgos e passar pela experiência de escrever me deu mais segurançå na hora de construir personagens. Passei a acessar outras camadas dos textos.”
O ator está ansioso para trocar com os alunos do Célia — sejam eles calouros ou veteranos. “É bonito ver as pessoas que decidem vir aprender a atuar. Os alunos chegam muito disponíveis e abertos para descobrir a profissão, entender melhor como funciona esse trabalho que é tão artesanal e característico.”